sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Happy Halloween!!!

Nunca pensei que fosse passar um Halloween nos Estados Unidos! Ainda não sei como está o clima fora do hotel, mas aqui a festa já começou na segunda-feira, quando quatro meninas do grupo resolveram demonstrar seus dotes artísticos talhando abóboras temáticas de yoga (coloco as fotos aqui amanhã, porque estão na câmera do Julien).

E a semana foi encerrada com uma aula à fantasia nesta sexta-feira à tarde! Teve gente fantasiada de Bikram, de Japanese Ham Sanwich (piada interna, para quem conhece o diálogo da aula - em uma postura você tem de colar o tórax nas pernas e parecer um "japanese ham sanwich", não me perguntem o que é isso porque não faço a mínima idéia!), de água de côco Zico (que estão vendendo aqui)...

Eu fiquei um pouco frustrada, porque esqueci de providenciar minha fantasia no fim-de-semana passado e durante a semana fui adiando, adiando, porque nos disseram que a aula à fantasia seria no sábado e acabei fazendo parte da metade dos alunos que não se fantasiaram... :-(

Mas pelo menos me diverti vendo a galera fantasiada! Eis algumas fotos.



Depois da aula, a programação previa mais uma posture clinic, das 21h às 23h, mas nos supreenderam com uma "pizza party" na tenda! Happy Halloween para todos e um ótimo fim-de-semana! Com certeza vou aproveitar o meu, pois agora tenho três dos meus amores aqui (minha mãe chegou ontem!)!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mudanças físicas

Nestas últimas cinco, quase seis semanas, muita coisa mudou em mim no aspecto emocional. Mas, apesar de estar praticando yoga duas vezes por dia durante a semana e mais uma vez aos sábados, estava sentindo poucas mudanças físicas. Por um lado, fiquei surpresa por estar me sentindo melhor do que eu esperava, sem aquela quebradeira, altas dores (fora aquela minha ciática). Por outro lado, não senti grandes progressos nas minhas poses. Muitas até ficaram um pouco piores, por causa do cansaço e do esforço excessivo de alguns músculos (especialmente os da parte de trás das coxas).

Eis que, esta semana, algo aconteceu. Na verdade, na semana passada já comecei a sentir melhoras nos meus backward bendings (prometo traduzir tudo isso quando eu sair daqui, mas agora, por falta de tempo para googlar os nomes em português vou simplesmente escrevê-los em inglês, ok?). Estava conseguindo me curvar mais e mais para trás. Ontem perdi minha energia, ela devia estar em algum outro lugar do universo, mas definitivamente não estava no meu corpo e estava prevendo uma aula péssima à tarde. Fui até falar com a enfermeira, porque sei que estou comendo bem menos do que normalmente como. Não sinto fome e estou empurrando a comida goela abaixo para ter algo no estômago (quem me conhece sabe que isso é beeeem estranho...). A Liz me disse para comer mais carboidratos e lá fui eu para a aula.

Foi uma das minhas melhores aulas do curso! Minha energia achou o caminho de casa e voltou para o meu corpo! E acho que foram exatamente os backward bendings que a chamaram de volta! Vivem nos dizendo que os backward bendings são a parte mais importante da aula para corrigir problemas de coluna e para recarregar sua energia e é verdade! E meu corpo começou a dobrar mais e mais e mais para trás, sem medo de cair, sem medo de quebrar, é um sentimento absolutamente maravilhoso! E todas as poses que eu menos gosto (que usam curvatura da coluna para trás) estão melhorando!

Uau, uau, uaaaaaau!!!! Isso é bem-estar!!!! Estou me sentindo no topo do mundo, feliz, cheia de energia e ansiosa para ver quais mudanças vêm pela frente!

Ah! E minha mãe chega hoje para ficar 10 dias aqui com a Mila e o Julien, eeeeebaaaaa!!!!!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Descascando as camadas

Agora tenho Internet todo dia aqui no hotel, eeeebaaaa! É um provedor chamado Boingo, que aparentemente existe em aeroportos, hotéis e afins. 10 dólares por mês! Mas, como vocês perceberam, por enquanto minha Internet diária não se traduziu em mais posts, simplesmente por pura falta de tempo...

Ontem e hoje tivemos uma palestra com um cara chamado Jon Burras (ele tem um site, que possivelmente vou visitar apenas depois de sair daqui, já que aqui não tenho tempo para nada), sobre fascia e anatomia emocional, que foi altamente polêmica. Ele tem idéias que destroem todos os preconceitos que temos sobre anatomia humana e medicina ocidental.

Não vou resumir a palestra aqui, porque para entender os conceitos tivemos seis horas de palestra e se eu tentasse fazê-lo todos achariam que as idéias do Jon são simplesmente malucas e surreais demais. Mas confesso que após as três primeiras horas de palestra de ontem, muitos conceitos faziam sentido para mim.

O único conceito sobre o qual gostaria de escrever aqui é a explicação que ele deu para os ataques de choro e as dores inexplicáveis em várias partes do corpo que as pessoas estão tendo durante o curso. Ele diz que quando isso ocorre, estamos passando por uma "healing crisis" (seria uma "crise de cura", em português?). O corpo seria formado por camadas que contêm todas as suas experiências e traumas, desde que você nasceu. Conforme vivemos experiências novas, elas vão se acumulando nas camadas mais superiores, portanto as experiências e traumas de infância estariam lá embaixo, nas primeiras camadas. A prática de yoga, segundo ele, descasca estas camadas. E como aqui praticamos muita yoga, aceleramos o processo de descascar as camadas. É aí que aparece uma dor no tornozelo, possivelmente daquele acidente que você teve quando tinha 20  anos e não tratou direito e é aí que aparece uma crise de choro de algum episódio traumático que você teve e simplesmente conteve dentro de você.

Comecei a relacionar isso com as minhas crises de choro da semana passada e percebi que talvez eu não tenha chorado porque minha colega de quarto é uma mala. Acho que tinha muito choro represado aqui de traumas fortes que marcaram minha vida nos últimos anos. E que eu tinha de liberar.

A conclusão do Jon é: deixe as suas emoções saírem. Na nossa sociedade as regras são não chorar, não expressar suas emoções, aparentar sempre que está tudo bem na sua vida. E assim acabamos guardando muitas mágoas e tristezas que muitas vezes nos impedem a seguir em frente e ser felizes. Dói sentir dor e dói chorar. Mas precisamos aprender a "let go"...

E vambora que daqui a pouco me atraso para a aula da tarde!

domingo, 24 de outubro de 2010

Baby, don't worry...

Não me lembro mais do nome da professora que deu a aula da sexta-feira de manhã. Mas não vou esquecer dela (da professora nem da aula). Estávamos todos bem cansados por causa da falta de sono, eu tinha acabado de passar por fortes emoções nos dias anteriores, de manhã já estamos naturalmente mais duros e frios, ou seja, ninguém estava muito a fim de "pegar pesado". A professora, que já passou por tudo isso por que estamos passando, sabia exatamente como estávamos nos sentindo e começou a aula dizendo (e preciso escrever isso em inlglês, para fazer sentido): "When I left my room, I saw three little birds that said 'don't worry, because every little thing is gonna be all right'", o que automaticamente já iluminou nossa cara com um sorriso. A aula dela foi altamente energética (a mulher, que deve estar nos seus 50 anos, é um poço de energia!), mas no fim da aula, a voz dela ficou mais fraca, com algumas pausas, e reparamos que ela estava colocando uma toalha na frente da boca toda hora. Ela estava passando mal.

"Desculpem. Às vezes é o professor que precisa da energia dos alunos para seguir em frente...", ela disse e todos respondemos batendo palmas e batendo as mãos no chão (estávamos fazendo a série do chão, deitados). "Obrigada!" e ela acabou encontrando forças de algum lugar para terminar a aula. Quando ela terminou, mais uma salva de palmas e, obviamente a música que tocou na sequência foi "Three Little Birds", do Bob Marley. Fiquei arrepiada da ponta dos meus cabelos às unhas do meu pé e, assim como todos na sala, fiquei cantando o refrão da música... "Baby don't worry, about a thing, cause every little thing is gonna be all right", sentindo que, realmente, tudo vai dar certo! Nem acreditei no timing da música! Era tudo, tudo que eu precisava ouvir naquela manhã de sexta-feira! E assim, um ótimo dia começou!

Preciso falar um pouco das noitadas inesquecíveis com o Bikram. Esta semana tivemos três (fora a opcional, na terça-feira, da qual eu não participei para me poupar para as demais) e, fora o tosco Mahabarata, "assistimos" a uma espécie de E.T. indiano, que aparentemente fez o maior sucesso lá na Índia. Tinha duas partes, cada uma com 3h30 de duração. Os filmes sempre começavam depois de uma palestra de 2h a 3h do Bikram, o que significa cerca de 6 horas naquelas cadeiras desconfortáveis (aliás, a mais confortável das cadeiras fica desconfortável após um período muito mais curto do que este!).

Como a lei da sobrevivência sempre fala mais alto, começamos a encontrar formas de minimizar o desconforto e o cansaço. Na primeira noite da semana, algumas pessoas trouxeram travesseiros do quarto e as pessoas da primeira fileira deitaram no chão para tentar dormir um pouco. Na segunda noite, o número de pessoas com travesseiros tinha aumentado consideravelmente e vários trouxeram também cobertores. As pessoas que não estavam na primeira fileira também começaram a se entender com os vizinhos, o que resultou em várias pessoas dormindo no chão entre as cadeiras e outras dormindo em cima das cadeiras. Na noite seguinte, a que estava no chão mudava para as cadeiras e vice-versa.

Bom, e dormir é modo de falar... Filmes indianos são cheios de músicas e o som na tenda era tão alto que não dava para dormir (no meu caso, pelo menos), mas deu para fechar nossos olhos um pouco e esticar nossas pernas e costas. Tenho de dizer que tudo ficou um pouco menos sofrido do que nas primeiras duas semanas. Acho que aceitamos a situação (alguns, porém, ainda estão bem revoltados com as noites em claro) e decidimos nos adaptar a ela. Até comprei uma manta baratinha de abóboras de Halloween para me esquentar na tenda (pequenas alegrias consumistas distintas que temos aqui, hehehe!)!

E quando olho de forma mais ampla para tudo isso e me dou conta das pessoas de 50, 60 anos que estão fazendo o curso comigo e passando pelas mesmas coisas, chego à conclusão que eu não tenho nem direito de reclamar. Esta semana o Dr. Das, um indiano que ensinou terapia de yoga para nós, chamou ao palco todas as pessoas com mais de 50 anos. A foto está aí abaixo. Um monte de gente!!! E a mais velha, a mulher logo ao lado do Dr. Das na segunda foto, tem 65 anos, é mais velha do que a minha mãe! E esta outra, do lado dela, que também tem mais de 60, tem mais energia do que 100 chinesas (pelo menos da espécie do meu quarto) juntas! Ela está sempre sorrindo, de bom humor e cheia de disposição durante as aulas de yoga, incrível! E já falei do casal sueco que está fazendo o curso junto? Uma graça, os dois também têm mais de 60 anos e a filha é professora de Bikram Yoga e vem para cá na semana que vem fazer o seminário da série avançada de Bikram. Ela que convenceu os dois a começar a praticar e eles gostaram tanto que estão aqui!

Mami e Paps, se preparem, porque se eu realmente abrir um estúdio em Sampa, vocês vão ter de pelo menos tentar! :-)


sábado, 23 de outubro de 2010

Explosão chinesa

Todos os sábados o estacionamento do hotel fica assim, após a galera lavar suas esteiras suadas.

Prometi que neste post ia contar o que aconteceu na quarta-feira, enquanto eu digitava o outro post. Bom, a chinesa estava tentando dormir (para variar) , às 16h, e eu fiz uma barreira de travesseiros e sentei do lado mais distante da cama para digitar sem atrapalhá-la demais. A menina ficou se remexendo na cama e de repente levantou e falou: "Não dá pra você sair do quarto para digitar, não? Eu preciso dormir!" Tentei explicar para ela que fora do quarto estava frio e que eu também tenho direito de fazer minhas coisas dentro do quarto - como digitar no meu computador no meio da tarde durante 15 minutos (detalhe é que eu só uso o computador e a Internet UMA vez por semana!). Mas a menina não entende o que é convivência com outras pessoas que não seguem as ordens dela e não houve acordo. Saí do quarto porque senti minhas lágrimas querendo escorrer (sempre nas piores horas..) e quando as minhas vizinhas australianas me viram chorando contei o que tinha acontecido. A chinesa deve ter ouvido algo e explodiu comigo quando voltei para o quarto. Tentei falar com ela calmamente, mas a pessoa só berrava. No fim disse: "Eu estava tentando ser legal com você, mas agora não vou ser mais!" E pensei comigo mesma: "Isso era ser legal???"

Depois disso, ela não olhou mais na minha cara e não trocou sequer uma palavra comigo. Foi horrível. O clima no quarto ficou tão pesado que eu não queria nem voltar para lá depois das aulas para não encontrar com ela.

Na quinta-feira de manhã, durante a aula, não consegui pensar em outra coisa. Ficava imaginando como seria ficar mais um mês no mesmo quarto de uma pessoa que te odeia e não te olha na cara. E comecei a chorar. E não consegui mais parar. Foi ridículo chorar durante a aula (ainda bem que eu estava na última fileira da sala), mas eu não conseguia parar! Depois da quinta posição fechei os olhos, respirei fundo e tentei me concentrar na aula, o que funcionou até a penúltima posição, quando me descontrolei de novo.

Respondendo à pergunta da Fabíola no último post, nesta hora pensei em largar a mala e me sacrificar um pouco indo e voltando três vezes por dia para o flat do Julien e da Mila (o que significaria um sacrifício para eles também, que ficariam sem carro, e eu perderia entre 30 e 40 minutos das minhas às vezes únicas três horas de sono por noite e várias outras inconveniências). E confesso que, acima de tudo, me senti um pouco derrotada com esta opção, porque eu realmente achava que tinha de resolver esta situação de forma mais pacífica, mas estava tão desesperada que não via como fazê-lo.

Então resolvi pedir ajuda à Nikki, a responsável por resolver problemas de quarto, e pedir para trocar de companheira de quarto (já que várias outras pessoas andaram reclamando de suas colegas). A Nikki disse que não dava mais para trocar, porque já tínhamos passado da metade do curso, mas se ofereceu para intermediar uma conversa entre nós duas para tentar resolver a situação. E acrescentou, com seu jeito doce e cheio de compaixão: "É melhor você não tentar fugir e sim lidar com este problema agora, porque senão ele pode voltar em outro momento da sua vida. Nós vamos resolver isso, fique tranquila." Ela estava certa.

E sabe o que aconteceu quando voltei para o quarto? A chinesa resolveu falar comigo! E à noite, saiu para comprar comida para ela e voltou com uma coisinha para mim (era um bolinho de arroz com frango, mas ela disse que eu não precisava comer o frango). E no dia seguinte se ofereceu para me levar com ela para o shopping para comprar comida (um dia eu tinha pedido para ir com ela e ela disse que não podia esperar eu terminar de tomar banho - tomo sempre depois dela - pois isso significaria menos minutos de sono)!

Falei para a Nikki que era melhor suspender a conversa porque a nossa situação tinha melhorado e ela abriu o maior sorriso, de alguém que estava genuinamente feliz com a notícia, e disse: "Que bom! Está vendo? Foi só você pedir por ajuda que o universo começou a funcionar a seu favor!"

Estou tão aliviada! Não sei o que aconteceu com a chinesa (aliás, ela comprou tapa-ouvidos e me pediu para voltar cedo no domingo para irmos dormir às 21h30), mas o clima entre nós está bem melhor! Será que foi mesmo o universo funcionando a meu favor? :-)

Acabei encerrando a semana de ótimo humor, com uma aula fantástica no sábado de manhã! E três horas de primeiros-socorros à tarde... :-)

E chega de escrever que preciso curtir o fim-de-semana reduzido com meus amores! E ainda estudar um pouco de diálogo!

Este é o grupo 15, meu grupo nas posture clinics, todos uns amados!

As meninas do meu grupo no curso de primeiros-socorros.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Meio do curso!!!

Post escrito na quarta-feira, dia 20/10:

Nem acredito que chegamos na metade do curso e continuo viva!!! Quatro semanas e meia se passaram e tanta coisa aconteceu! Já me sinto bem diferente do que quando cheguei aqui. Mas também sinto que ainda vou mudar bastante e que os maiores desafios ainda estão pela frente…

Esta semana, já andei trombando em alguns obstáculos. Tudo começou no domingo, quando voltei ao hotel, às 21h. Como já virou rotina, fiquei bem triste ao me despedir dos meus amores e a sensação de voltar a morar no mesmo quarto da chinesa não me animou nem um pouco. Cá estava ela berrando ao telefone (não era briga, ela só fala extremamente alto ao telefone), durante meia hora. Eu estava tentando estudar anatomia, já que tínhamos prova na segunda-feira. Às 21h30 ela foi dormir e eu continuei estudando. Mastigava minha pizza, me ouvia comendo e via a chinesa se mexendo na cama, tentando dormir. Me senti mal e acabei de comer o pedaço no banheiro, para não incomodá-la (que situação…). Eis que às 22h ela se levanta e pergunta a que horas eu vou dormir. Disse que primeiramente precisava terminar de estudar. Ela ficou brava, dizendo que era a única noite em que ela podia ir dormir cedo, que eu também deveria dormir, pois a semana iria ser pesada (já que o Bikram voltou e teríamos várias madrugadas em claro). Disse a ela que eu queria dormir, mas que precisava estudar antes, que ela não estava preocupada com a prova (porque ela não fala bem inglês e simplesmente desistiu de acompanhar as aulas de anatomia), mas eu estava. Assim, o clima da semana começou pesado.

Às vezes ela simplesmente me ignora no quarto. Tento levantar qualquer assunto, falar do tempo (que está um horror, frio e chuvoso), e ela simplesmente não responde. Nem olha na minha cara. É como se eu fosse ar. Às vezes entra no quarto, vai no banheiro, e sai sem falar uma palavra, sem me notar. Isso está me incomodando bastante, me deixando bem triste. O Julien e eu estamos pagando dois lugares diferentes (ele está com a Mila em um apartamento e eu aqui no hotel), dói ficar longe deles e achei que tudo isso pelo menos valeria a pena se eu estivesse fazendo uma amiga para a vida aqui. Estudando diálogo juntas, se apoiando, dividindo os sofrimentos e as alegrias… Mas não é o caso. Ela não gosta de conversar comigo e quando responde alguma pergunta só sabe falar: "Tired, tired." Ela está cansada toda hora, só quer saber de dormir (outro dia reclamou que eu faço barulho digitando no computador e ela não consegue dormir), sempre está de cara fechada. Sei que talvez o destino queira que eu aprenda a lidar com uma situação como esta, mas confesso que está sendo bem difícil e desanimador.

Nós nas posture clinics.


Mas vamos falar do curso! Boss is back, o que quer dizer que acabou a moleza. Na segunda-feira, tivemos uma palestra dele até à meia-noite e depois ele disse que assistiríamos a mais um capítulo do Mahabarata, durante 45 minutos. Acabamos assistindo a vários capítulos e fomos liberados às 4h da manhã. O mais complicado não é permanecer acordado, mas sim ficar sentado em uma cadeira dura e desconfortável durante tanto tempo.

Aliás, acho que esta é uma das causas da minha ciática. Sim, estou com uma dor constante no meu traseiro, que está irradiando para a parte posterior da coxa. Ontem à noite não conseguia achar uma posição decente para dormir, porque qualquer uma doía. Sentia o nervo repuxar quando respirava. Acabei tomando um remédio anti-dor e fui ver a enfermeira hoje cedo. Ela disse que ciática leva um tempo para passar (ainda mais quando você continua praticando yoga duas vezes por dia) e que era para eu pegar bem leve na aula e não tomar remédio antes das aulas para não disfarçar a dor e acabar me machucando mais.

Outra noticia que me deixou um pouco desanimada foi a de que o nosso curso de primeiros socorros vai ser neste sábado à tarde. Normalmente temos folga depois da aula das 8h da manhã (a não ser que você precise fazer a "make-up class" às 11h - para quem perdeu alguma aula ou palestra durante a semana ou para quem simplesmente esqueceu de marcar presença antes das palestras ou aulas - a segunda situação é a mais comum). Com isso, só vou estar liberada às 17h30 de sábado e só vou ter um dia com o Julien e a Mila…

Sei que preciso aceitar as coisas como são, porque não posso mudá-las. Sabia que ia encontrar pedras no caminho. O jeito é respirar fundo, expirar, fechar os olhos, acalmar a mente e seguir em frente. Como eles gostam de dizer aqui: "Trust the proses." No final, tudo vai dar certo!!!

Ah, e a notícia boa da semana! Ontem à noite, quando começou a posture clinic às 21h, não sabíamos o que aconteceria depois das 23h, mas todo mundo tinha quase certeza que seria mais uma longa noite de palestra e filme. No meio da posture clinic o Dom entrou na sala para dizer que depois da posture clinic estávamos liberados! Todo mundo berrou de felicidade, bateu palma, assobiou (tínhamos recebido orientação para apenas estalar os dedos em vez de aplaudir alguém para não fazer barulho e incomodar os hóspedes dos quartos próximos às nossas salas , mas a emoção foi incontrolável!) e nem acreditamos que iríamos dormir cedo! O Dom acrescentou que às 23h30 Bikram estaria na tenda assistindo a um filme e quem quisesse poderia se juntar a ele. E não é que umas 60 pessoas foram? Porém, a noite acabou às 2h45 com apenas sete! Gente corajosa, cheia de energia! Eu foi aproveitar para descansar meu corpo e minha mente para aguentar as pedras que ainda estão por vir no meu caminho!

P.S.: Quando estava escrevendo este post e a chinesa mais uma vez tentava dormir, a coisa ficou feia. Aguardem o próximo post...

sábado, 16 de outubro de 2010

Choradeira geral

Post escrito na sexta-feira, dia 15/10:

Bom saber que eu não sou a única pessoa chorona deste curso! Já explico...

Nos últimos dois dias, estamos tendo aula com os funcionários (os professores que se voluntariaram para participar da organização de todo o curso - eles fazem parte do nosso dia-a-dia e todos são uns queridos, dos quais gostamos mais e mais e mais). Hoje pela manhã foi a vez da Nikki, que encerrou a aula com um poeminha curto e fofo, que terminava com a frase: "All you need is love." Preciso dizer qual música tocou logo na sequência? Fiquei toda arrepiada e foi tão emocionante que tive de parar minha savásana e abrir meus olhos para deixar minhas lágrimas saírem. E quando olhei para os lados, vi que eu não era a única!

Algo está acontecendo aqui que está deixando todo mundo extremamente sensível. Durante a posture clinic da tarde, uma alemã, a Uli (pois é, xará da minha melhor amiga!), recitou a posição do dia (a mesma de ontem, portanto hoje escapei dos holofotes!) e tentou, tentou, tentou, mas a coisa não saía. Ela mal fala inglês e a professora veterana que estava na nossa sala percebeu logo de cara que o problema era esse e disse ter certeza que se ela falasse o diálogo em alemão (coisa que ela vai fazer quando voltar para Hamburgo), a coisa sairia bem diferente. Ela fez um batia discurso fofo para a Uli não ficar decepcionada, tentar fazer o melhor possível, saber que ela é capaz de recitar muito, muito melhor na língua dela e aí a Uli teve um "meltdown" (o típico ataque de choro que eu tive ontem e anteontem). E a professora teve um também! E as duas se abraçaram, e choraram, e váááárias pessoas na sala - inclusive alguns homens - ficaram com os olhos marejados (nem preciso mencionar que eu estava entre elas, né…). Cada vez mais todos aqui estão se conectando um ao outro, torcendo um pelo outro nas posture clinics, apoiando uns aos outros nos momentos difíceis, e é legal ver uma demonstração de afeto como a de hoje, entre pessoas que nunca tinham se visto antes. 

A aula da noite foi com o Dom, que também resolveu tocar uma música na hora da savásana. Todas as luzes se apagaram e começou a tocar Don't Stop 'Till You Get Enough, do Michael Jackson. Ah, a galera não teve dúvida: todos levantaram e começaram a pular e dançar em cima das esteiras e toalhas encharcadas de suor! A tenda parecia uma grande discoteca! Estava todo mundo tão cansado, mas de algum lugar achamos energia para pular e dançar juntos!

Foi um ótimo encerramento para a semana 4! Amanhã tem apenas mais uma aula, depois um fim-de-semana maravilhoso com meus amores! E semana que vem, como disse o Dom, "Boss is in town!", Bikram volta ao hotel e as madrugadas em claro voltarão a fazer parte da nossa rotina... Será que dá para acumular crédito de sono?



Fiz uma foto na aula deste sábado, mas não ficou muito boa, por causa da umidade...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

São tantas emoções...

Nooooossa, este curso é uma loucura emocional!!! Se vocês leram o post anterior, notaram que meu ânimo não estava dos melhores, né?! Pois é, ele continuou assim durante a posture clinic, à tarde. Estava me sentindo derrubada, desanimada, com os olhos quentes de chorar e decidi tentar adiar minha posição do dia para amanhã (já que sempre tem uma sobra de gente para recitar no dia seguinte). Só que o meu grupo é o único em que as pessoas hesitam para recitar a posição e hoje, pela primeira vez, chegou a um ponto em que as pessoas tiveram de ser chamadas. Beleza, com meu sobrenome começando com W, estava no fim da lista. Mas não é que resolveram chamar de baixo para cima???

Lá fui eu, pilhada de nervosismo, pensando no meu branco do dia anterior, recitar a Standing Separate Leg Stretching Pose (se vocês acharam o nome em inglês longo, dêem uma olhada no nome em sânscrito: Dandayamana Bibhaktapada Paschimotthanasana). Meu coração estava a mil, um branco de dois segundos me acometeu depois do primeiro parágrafo, mas aí engrenei e fui até o fim, com direito a muitas palmas da galera (principalmente do meu grupo, já que sabia que muitos ali estavam torcendo por mim!) e elogios dos professores.

A mais veterana das professoras, no entanto, identificou exatamente o meu problema (incrível como alguns têm a capacidade de perceber estas coisas durante um minuto em que falamos a posição, sem nunca ter nos visto antes) e me perguntou: "Você quer ser uma professora fantástica ou uma professora perfeita? Porque os dois não dá." Sei que quero ser uma professora fantástica, mas às vezes esta paranóia de fazer tudo exatamente como eu acho que deveria ser me atrapalha... Achei ótimo, no entanto, ela ter me alertado para isso, porque vou me treinar para me satisfazer mesmo quando as coisas não saem da forma perfeita que acho que deveriam sair.

Depois da posture clinic já estava me sentindo bem melhor e, para melhorar ainda mais meu humor, a Mila e o Julien passaram aqui por uns 40 minutos antes da aula da tarde! Foi tãããããoooooo booooooom vê-los!!!! Fomos lá para a frente da tenda, antes de a aula começar, e a Mila virou a atração dos yogis! Na tenda da lojinha estava tocando uma música turca superanimada e a Mila fez o maior sucesso dançando e rodopiando com a música! Foi tão buni e como estou na minha fase chorona, quase chorei de orgulho da minha princesinha!

Já estava feliz e decidida a ter uma bela aula de yoga quando me despedi dos dois. Eis que, logo antes de começar a aula, uma das alunas, que está no meu grupo, veio me dizer que onde quer que eu vá para dar aula, ela vai atrás para fazer uma aula minha, porque me acha a melhor! "Even when you mess up, you are the best!", ela disse. "And you can kill me in your class!" (Aqui vale um parêntese: as melhores aulas muitas vezes são as aulas onde os professores nos matam. Depois, a gente sempre costuma se sentir muuuito bem) Nossa, né?! Só para não perder o hábito, chorei de novo... E dei um abraço nela. E tive a melhor aula da semana!!!!

Como vocês podem ver, este lugar é uma montanha-russa emocional! De manhã, estava chorando de tristeza; à tarde, de felicidade! O melhor é ver como as pessoas torcem por você e como elas te apoiam. Me sinto muito, muito privilegiada de estar perto de pessoas tão especiais!

E a torneira se abriu...

Como vocês perceberam, hoje de manhã resolvi entrar na Internet do hotel para dar uma atualizada no blog. E, inevitavelmente, dei uma rápida espiada no Facebook antes da aula. Foi aí que vi o vídeo fofo da Mila com as abóboras que o Julien postou (e que eu já tinha visto no fim-de-semana).  Me deu tanta saudade que quase chorei.

E quando desci para a tenda de yoga, não consegui segurar minhas lágrimas. Sentei num cantinho e chorei um pouco. Aí um cara, o Joe, se aproximou e perguntou: "Ei, você está precisando de um abraço?". Sim, eu estava. Muito. E levantei para receber o abraço. Foi tão bom... E achei tão fofa a atitude dele...

Durante a aula fiquei melhor (ainda bem que não estava estupidamente quente e o professor, Ben, é um dos nossos monitores e é uma pessoa altamente doce e amável. Fiquei aliviada quando o vi no pódio para dar esta aula), mas ainda estou sentindo minhas lágrimas represadas, querendo sair a qualquer momento.

Sei que tenho sorte de a Mila e o Julien estarem perto e eu poder vê-los no fim-de-semana, já que muitas mães aqui estão bem longe dos filhos durante estas nove semanas. Por outro lado, me dói saber que eu poderia estar mais perto deles. Ontem encontrei uma das alunas, a Yuka, que é alemã e está morando a cinco minutos do hotel, com o marido e o bebê de oito meses. Ela disse que está adorando o esquema, porque passa bastante tempo com eles. AAAAAhhhhhhhhhhhh, me deu uma inveja tão grande!

Sinto falta de conviver com meus amores e, para piorar, tenho esta companheira de quarto que de companheira não tem muita coisa. Nem comentei com ela sobre meu ataque de choro porque tenho certeza que ela vai achar ridículo. Sei que não é por maldade, mas a cabeça dela funciona de forma muito diferente da minha. Às vezes prefiro ficar quieta do que expor meus sentimentos e acabar me sentindo ofendida. E quem me conhece sabe como é difícil para mim ficar quieta quando preciso desabafar... Enfim, pelo menos tenho vocês! Obrigada pela força de todos, se depender de toda a energia positiva que estou recebendo de vocês e de todas as pessoas maravilhosas aqui no curso, tudo vai dar certo!!!

Bom, vou descolar um café antes de ir para a posture clinic. Hoje não ensaiei a posição nenhuma vez, portanto, vou tentar não levantar para falar hoje.

Imperfeição

Post escrito na quarta-feira, dia 13/10:


No post de ontem, eu ia falar sobre meu desempenho nas posture clinics, porque estava extremamente orgulhosa de mim mesma. Desde a primeira posição que recitei em frente ao Bikram, só recebi comentários positivos até então (ontem fizemos a sexta posição). Enquanto todos tinham algum tipo de "lição de casa" para fazer para a posição seguinte, o que eu sempre ouvia era: "Continue fazendo o que você está fazendo. Está tudo ótimo." E a cada posição que passava, eu recebia mais desafios, como pessoas cometendo erros durante o meu diálogo, primeiro para eu continuar falando o diálogo apesar das distrações e depois para eu sair do diálogo, fazer correções, e voltar ao diálogo sem perder o fio da meada.

Estava realmente orgulhosa de mim e, juntamente com duas ou três outras meninas, eu era a mais forte do meu grupo! Até chegarmos na sétima posição. Como as anteriores, ela estava bem decoradinha na minha cabeça, eu a repeti inúmeras vezes e estava cheia de confiança. Porém, quando entramos na nossa sala, vi que os nossos juízes eram a Lynn (a chefona das posture clinics, altamente analítica) e o Dom (o britânico, que conhece a diretora do meu estúdio e a quem eu queria muito impressionar, pois possivelmente vou ter de pedir emprego a ela se voltarmos a Londres).

Fiquei tensa. E minha tensão foi crescendo, crescendo e para evitar que ficasse insuportável, resolvi ser uma das primeiras a falar a posição (assim como fiz nas últimas posições). Comecei bem, cheia de confiança, e quando achei que iria impressionar, …………….................................

Foi exatamente o que aconteceu. Todas as palavras sumiram da minha mente. Desapareceram. Lá estava eu, de pé, na frente de mais de 40 pessoas, inclusive duas que eu queria que me elogiassem, e as palavras não vinham. Improvisei, joguei as frases que apareciam desordenadas na minha cabeça, e fui engrenar de novo só no final. Foi horrível. Me senti tão derrotada, e bem no momento em que eu queria que nada desse errado!!!

Assim que a Sophie falou comigo sobre o que aconteceu, comecei a chorar na sala (estava demorando para meu lado chorona aparecer…). Acho que quase ninguém percebeu, porque todos estavam concentrados na pessoa que estava recitando a posição naquele momento, mas estávamos perto do Dom e da Lynn e eles devem ter visto.

Ah…. Enfim….. Sei que estou sendo dura comigo mesma e sei que em algum momento isso iria acontecer, mas precisava ser justamente hoje? Sim, porque sei que meus nervos estavam extremamente desesperados com a presença deles na sala. Por outro lado, acho que também tinha adquirido confiança com meu desempenho nas posições anteriores que, quando me deu o branco, desacreditei que aquilo estava acontecendo. A minha reação foi falar que me deu um branco total. Opção errada. Em uma aula de yoga, a última coisa que você quer fazer como professor é dizer aos alunos que você não sabe o que falar. 

Bom, ainda bem que aconteceu aqui e não em uma aula de verdade (porém nos disseram que isso vai, sim, acontecer muuuuitas vezes numa aula de verdade e o que precisamos aprender agora é saber lidar com o branco, com os nervos, e continuar dando a aula, como se nada tivesse acontecido).

E preciso pensar toda hora em algo que os professores vivem repetindo nas posture clinics: "The class is not about you, it's about your students."

P.S.: Escrevi este post antes da aula da tarde. Lá na tenda, duas mulheres do meu grupo vieram conversar comigo e com a Sophie, dizendo que nós somos as heroínas do grupo, porque sempre mandamos tão bem nas posture clinics e as duas me consolaram, dizendo que, apesar do meu branco de hoje, todos do nosso grupo sabem que eu mando bem. Achei fofo… No fim da aula, na savásana, a professora disse que deveríamos pensar em alguma coisa que mereça agradecimento hoje. E pensei na energia positiva de todas as pessoas que querem que eu recite as posições da melhor forma possível! Também torço por todas elas!

Começo difícil

Post escrito na terça-feira, dia 12/10:

Ontem começou a quarta semana de curso e tenho de dizer que tudo está um pouco mais difícil. Para começar, após um fim-de-semana delicioso com meus dois amores, tive de me separar deles no domingo à noite, o que doeu bastante. Me deu uma batia vontade de chorar. Mas como eu não tinha tempo a perder, pois precisava estudar para o teste de anatomia, me enfiei logo nos livros e estudei até à meia-noite.

A segunda-feira também não começou muito boa. A nossa tenda de yoga estava fervendo, borbulhando, de umidade e calor. Para piorar, eu estava dura e com os músculos da perna (mais especificamente o glúteo e os hamstrings - os músculos na parte de trás da coxa) doloridos, o que tornou a primeira aula da semana em uma aula matadora. Porém, eu não fui a única a sofrer. Várias pessoas não aguentaram o calor e saíram da sala. 

À noite, tivemos o teste de anatomia e se eu soubesse que iria ser tão fácil não teria ficado três horas estudando até à meia-noite de domingo! :-) Acertei 29 de 30 questões! 

A aula de hoje cedo foi uma das minhas piores aulas. Meus músculos (os mesmos descritos acima) da perna direita estavam reclamando muito e tive de deixar de fazer algumas posições da série de pé. Estava me sentindo quebrada, cansada e desanimada com minha péssima prática. Foi aí que, no final da aula, a professora parecia ter adivinhado como eu estava me sentindo ao dizer: "Não julgue, não faça críticas, não fique irritado com você. Relaxe e esqueça tudo", o que me fez lembrar de uma frase que vários professores costumam usar: "Faça o melhor que você pode fazer para você HOJE, neste momento." 

O Julien e a Mila vieram me visitar - ou o que sobrou de mim após a aula. Estava tão cansada que pensei em pedir para eles não virem para eu poder me deitar na cama, mas tive medo de me arrepender depois. E no fim das contas, sempre que eles vêm, recebo uma injecção de energia! Depois que eles foram, tivemos posture clinic, e foi um dos meus melhores desempenhos! Tenho certeza que eles colaboraram com isso!

Minha amiga Sophie disse que minha dor possivelmente estava sendo causada pelo meu nervo ciático e os sintomas realmente levavam a crer que o problema era esse. Antes da aula da tarde, fui ver a enfermeira e qual não foi minha surpresa ao ver que o Dr. P estava "consertando" todos os yogis quebrados com suas mãos mágicas de osteopata! Tinha fila de gente para ser atendida! Depois de uns estalos aqui e outros ali, fui fazer minha aula com bem mais disposição e até agora foi a melhor aula da semana! Porém, quente…

sábado, 9 de outubro de 2010

Nós na TV

No primeiro dia de curso, o prefeito de San Diego foi até a Bikram Village para dar a chave da cidade ao Bikram (afinal, são quase 400 pessoas, mais parentes que os visitam, gastando dinheiro na cidade durante pelo menos dois meses!). Na semana passada, foi a vez de um canal de televisão local aparecer por lá para fazer uma matéria. Abaixo está o link do resultado. Não se pode dizer que a matéria é um exemplo de bom jornalismo. O repórter deixou de checar vários dados que ouviu do Bikram (como a afirmação de que depois do curso você pode ganhar US$ 600 mil em seis meses - quem dera!). Mas vale a pena dar uma olhada!

Yoga students learn how to bend it like Bikram - San Diego, California News Station - KFMB Channel 8 - cbs8.com

Fim da terceira semana!

Uau, um terço do treinamento concluído! A semana foi cheia de aulas de yoga, anatomia, posture clinics e, diferentemente das últimas duas semanas, não tivemos a noite de sexta-feira livre. Mesmo assim, terminei a semana com pique - como a maioria das pessoas - por um motivo bem simples: sono. Fomos liberados todas as noites por volta das 23h, 23h30, o que nos deu tempo para dormir entre um dia cheio e outro. Aliás, um professor de um outro treinamento disse para um dos meus colegas (Cassiano, um outro brasileiro que mora em Londres e está fazendo o curso) que tivemos sorte que o Bikram não está aqui na terceira semana, o que significaria que após as posture clinics, às 23h30, teríamos de voltar à nossa tenda para assistir aos tão famosos filmes de Bollywood até às 2h ou 3h da matina. Pelo menos, temos mais uma semana de sono antes da volta do guru!

Acho que não tinha mencionado ainda a palavra tenda, ou se mencionei, não expliquei. No estacionamento do hotel foi montada a "Bikram Village" para nós, que consiste basicamente de duas imensas tendas: uma é a que vocês viram nas fotos, cheias de cadeiras e com o palco, onde são realizadas as palestras e onde assistimos aos "emocionantes" filmes indianos; a outra é a sala de yoga, que vocês também já viram nas fotos. No próximo sábado vou tentar tirar uma foto durante uma das posições, porque é muito lindo ver quase 400 pessoas alinhadas, na mesma posição!

Aliás, as 377 pessoas viraram 374. Me falaram que em todo treinamento, por volta de dez pessoas acabam desistindo. Razão número 1: pessoas ricas que acham que vai ser divertido passar nove semanas praticando Bikram Yoga (!!!) e acabam percebendo que isso aqui se parece muito mais com um treinamento militar do que com um relaxante spa. Outros motivos são imprevistos de trabalho e razões pessoais. O detalhe é que, uma vez que você pagou o curso (que é bem caro), você só recebe reembolso até 30 dias antes do início do curso. Depois disso, como disse o próprio Bikram, "I already got your money and I've spent it!"

Voltando à Bikram Village, esta semana, durante a savásana, lembrei de uma dica que um cara que eu admiro muito, o jornalista (e meu chefe na época) Heródoto Barbeiro, me deu para dormir melhor. Ele me disse que eu deveria fechar os olhos e me transportar para qualquer lugar no tempo e começar a construir uma cidade ali. Pensar nas casas, no comércio, na administração, no saneamento básico, nos habitantes, em tudo. E a cada noite, continuar a construção de onde eu tinha parado na noite anterior.

Lembrei disso porque percebi que a Bikram Village realmente está virando uma pequena cidade. Cada vez mais, as pessoas estão personalizando mais seus quartos no hotel (algumas, que moram perto, trazem os cobertores de casa - algo que resolvi fazer também esta semana!), varais improvisados do lado de fora do quarto estão começando a pipocar e o mais legal são as conversas na tenda antes das palestras para resolver possíveis problemas de convivência e moradia.

É neste momento que o Dom (o britânico que lidera os funcionários) sobe ao palco com seu caderno de anotações para dar orientações e tomar nota dos problemas. Os principais problemas desta semana foram a invasão de formigas na tenda de yoga (eu não vi, mas teve gente que nem conseguiu relaxar na savásana com medo de ter formigas sobre o corpo) e a falta de educação de algumas pessoas durante a aula (como assoar o nariz nas toalhas em cima da esteira, esticar os pés para fora da esteira nas posições no chão - o que automaticamente significa enfiar o pé na boca de alguém que está deitado atrás), e usar perfumes fortes.

Durante as anotações do Dom, aparece todo tipo de comentário. Esta semana, um dos alunos tentou iniciar um discurso para alertar todo mundo dos males do Kleenex (os lenços de papel) para o meio-ambiente. Aparentemente, ele mora em uma região (British Columbia, no Canadá) onde a Kleenex supostamente destrói florestas, e o nosso hotel fornece Kleenex nos quartos. O Dom achou todo o assunto irrelevante e não deu bola para o assunto, mas, no dia seguinte, ele disse que tinha se sentido mal de ter "cortado" o rapaz e disse a todos: "É o seguinte, gente: Kleenex faz mal ao meio-ambiente". Daí para frente, cada um toma a atitude que quiser.

Mas o que eu queria mesmo dizer que realmente me sinto em uma pequena cidade tomando vida durante estas "assembléias". O Dom fica ali no palco, anotando as reclamações e dando avisos importantes do dia, como se fosse um prefeito. No dia seguinte, ele volta para anotar outras reclamações e informar em que pé estão os problemas já mencionados. E é muito legal ver que tudo isso funciona, que todos se respeitam, que todos são ouvidos e que todos os problemas são resolvidos, na medida do possível. E não é uma relação de exigência de um lado (dos alunos, que pagaram o curso) e obediência do outro (dos funcionários), é uma relação que flui nas duas direções, pois muitos problemas (como os de etiqueta dentro da sala de yoga) têm de ser resolvidos por nós mesmos. O Dom é somente o meio de informar todos sobre o problema e daí para a frente nós assumimos nossas responsabilidades.

E por enquanto, a cidade está funcionando bem sem o presidente Bikram (ou deveria dizer o "ditador", que não nos deixa dormir :-), mas sem ele nada disso existiria! E todo presidente tem de sair do país de tempos em tempos e deixa a administração nas mãos de pessoas de sua confiança!




Aqui estamos em uma aula de anatomia, com o Dr. P, aprendendo sobre os músculos (aliás, tem teste sobre ossos e músculos na segunda-feira, preciso estudar vááários nomes!)



É assim que as pessoas ficam após a aula: encharcadas, cansadas, mas felizes (pelo menos na maioria das vezes! :-)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Decoreba

Agora vamos falar mais sobre o treinamento! Esta semana, as posture clinics começaram para valer. Praticamente todo dia temos de recitar uma posição nova para o nosso grupo e tem muita gente ficando bem tensa com a situação. Minha vantagem é que decorei o texto antes de chegar, mesmo que não o suficiente para sair dando uma aula. Porém, as posições estão aqui na minha cabeça e o que preciso fazer agora é revisá-las, repeti-las sem parar e praticá-las em voz alta com outras pessoas servindo de "alunos", pois é muito mais fácil recitar o diálogo quando você tem corpos na sua frente seguindo seus comandos. 

Aliás, para os que pensam em fazer este treinamento no futuro, a dica é realmente tentar decorar as posições antes de chegar aqui. Assim, você tem tempo de dormir e fica com uma preocupação a menos na cabeça. Obviamente, estou tendo de praticar bastante, repetir incansavelmente cada posição, mas vejo que estou em uma situação bem mais confortável do que a daqueles que começaram a decorar tudo aqui e não conseguem vislumbrar o final da decoreba (como ocorreu comigo em Londres, quando comecei a decorar).

Existem mil e uma formas de decorar o texto, mas ainda acho que uma vez que ele está mais ou menos na sua cabeça, a única forma de imprimi-lo no cérebro é repetição, repetição, repetição. Eu repito quando acordo, antes de dormir, no chuveiro, quando caminho até a tenda da aula ou da palestra, quando vou esquentar minha comida, sempre que possível. Sei que nos estúdios de Londres ninguém exige o texto palavra por palavra (muito pelo contrário), mas é o que eles querem aqui...

Ontem recitei minha segunda posição e uma das professoras resolveu me atrapalhar durante o diálogo. Ela se enfileirou do lado dos alunos que serviam de modelo para mim e começou a fazer coisas totalmente diferentes, como arrumar o cabelo ou sair da posição para descansar. Não sabia o que fazer! Meu primeiro instinto foi corrigi-la e continuar com o diálogo, o que não foi tão fácil assim, porque você perde o fio da meada em um piscar de olhos! Nossa, foi tenso e parecia não acabar nunca mais (a posição, Awkard Pose, é longa, tem três partes)! No final, as professoras falaram que eu fui bem e que eu deveria me preparar para este tipo de "imprevisto" durante a aula, pois aqui no treinamento os alunos fazem tudo que você fala, mas lá fora, no mundo real, a coisa é beeem diferente.

Minha professora em Londres, a Nina, já tinha me dito que mais para a frente, quando a gente estivesse mais confortável com o diálogo, eles começariam a nos atrapalhar durante as posições. Mas já agora??! E foi só comigo (pelo menos no nosso grupo)! Por mais que eu saiba as primeiras posições da série de cor, sempre fico tão nervosa na hora de falar em frente de tanta gente! Ainda mais com pessoas me julgando ali! Meu coração acelera, começo a suar e fico com medo de esquecer as palavras de tanto nervoso! E é exatamente esta parte que preciso aprender a controlar melhor!

Também começaram as aulas de anatomia, que estou achando bem interessantes, apesar de todos os nomes complicados! O professor, Dr. Jim Preddy, é um cara muito engraçado, que entre os zilhões de títulos detém também o de doutor em osteopatia e "consertou" a campeã mundial de Bikram Yoga, Brandy, pouco antes de ela ganhar o título.

Nestes dois últimos dias pelo menos, fomos liberados pouco antes da meia-noite e está sendo um alívio imenso poder dormir entre seis e sete horas por noite! Comecei a sentir alguns músculos das pernas reclamarem esta semana (mais especificamente os tendões da perna), mas ainda estou me sentindo relativamente inteira! As aulas estão um pouco menos quentes, pois o tempo aqui em San Diego virou e está horrível - friozinho e chuvoso.

Emocionalmente, tive alguns momentos de desânimo e tristeza. Pensei muito no meu irmão, tive pesadelo com meus pais e sinto saudades de todos, inclusive do Julien e da Mila. Apesar de saber que eles estão aqui pertinho, às vezes me sinto tão longe deles… Me sinto um pouco presa neste hotel e sei que não posso sair para vê-los quando me dá vontade. 

Enfim, sei que tudo isso vai valer a pena! E hoje já é quarta-feira, sábado nem está tão longe assim e aí tenho um dia e meio inteirinho com eles!

Yoga em casa

Post escrito na terça-feira, dia 05.10:


Terceira semana de treinamento! Nem acredito que no fim desta semana, vou ter feito um terço do curso! Sei que é o terço mais fácil, mas já é alguma coisa, né?!

Os professores e palestrantes aqui vivem falando da importância de tratar todos os nossos colegas yogis como irmãos, como se fossemos todos  da mesma família e yoga nada mais é do que isso, união, dar o que se quer receber, enfim, existem mil e uma palavras para descrever o conceito.

Cada vez mais um aluno está apoiando o outro, ainda mais porque cada um tem a sua experiência - às vezes mais ou menos intensa.  Mas queria falar da yoga que está me dando a maior força aqui. É a yoga que acontece em casa, com o Julien e a Mila. Hoje eles deveriam ter me visitado pela manhã, mas ainda ontem à noite pedi para eles não virem porque eu precisava praticar o diálogo com minha amiga britânica, a Sophie, antes da "posture clinic". Porém, quando a aula da manhã terminou, eu estava tão desanimada, pensando bastante no meu irmão, e o que eu mais queria era abraçar meus dois amores. Mas eles não estavam aqui e eu me arrependi tanto de ter falado para eles não virem… O sentimento era de que, por opção, eu tinha deixado passar uma oportunidade importante de vê-los.

Mas eles vieram à tarde! Ah, como foi bom vê-los, por breves 40 minutos, mas ajudou a recarregar a bateria para em seguida fazer a minha melhor aula da semana até aqui! E o Julien trouxe meu jantar, um arroz frito com ovo e legumes maravilhoso que só ele sabe fazer, com salmão e couve-flor! Na semana passada, ele trouxe meu café-da-manhã duas vezes. O jantar de hoje foi a primeira refeição com gosto que fiz no hotel!



Portanto, Chú, este post é para você. Sei o quão difícil está sendo cuidar sozinho da Mila e não é à toa que às vezes você fica mal-humorado e se sente sobrecarregado. Ainda por cima, porque você também tem de cuidar de mim! Também sei que tenho o privilégio de fazer este curso graças à nossa yoga, à nossa extrema união, às vezes um tanto quanto tumultuada com essas mudanças e incertezas, mas sempre, sempre forte como um osso (aprendi ontem na aula de anatomia que osso é mais inquebrável do que granito!)!!!

Te amo, meu amor. Obrigada, obrigada, obrigada por todo o esforço!!!

sábado, 2 de outubro de 2010

Fim da segunda semana!

Como vocês já devem ter acompanhado, do ponto-de-vista físico esta semana foi mais difícil do que a primeira. Mesmo assim, ainda estou sem muitas dores pelo corpo, só meus músculos atrás das coxas estão reclamando um pouco, mas nada que algumas compressas de gelo e um pouco de descanso não melhorem!

A Mila e o Julien foram me visitar duas vezes esta semana, o que dá um certo conforto e força para seguir adiante, mas, por outro lado também é duro para mim vê-los tão pouco tempo. Porém, tenho meio sábado e todo domingo para tirar o atraso, mas agora tenho de dar uma estudada no diálogo também, porque agora que as "posture clinics" começaram preciso saber as primeiras cinco posições perfeitamente para semana que vem. Aí também começam as aulas de anatomia e vamos ter inclusive testes sobre o assunto.

Várias pessoas me perguntam como está a Mila na minha ausência. Ela está ótima, a impressão que me dá é que ela nem nota que não estou por perto! Acho que o Julien sente mais minha falta do que ela, principalmente porque eu não estou aqui para ajudá-lo a cuidar dela! :-) A Mila também começou a ir para uma creche duas vezes por semana e está AMANDO! Fiquei feliz com esta nova rotina, porque assim ela continua socializando com outras crianças e adultos, além de continuar ouvindo inglês. E o Julien tem um tempinho para ele!

E enquanto os dois estão aqui no apartamento, estou lá no hotel dividindo o quarto com a chinesa, a Kitty... Ela não é má pessoa, mas o fato é que a nossa cultura é muito diferente da deles, o que (ainda) não atrapalha o nosso relacionamento, mas o limita um pouco. Bom, acho que mesmo uma companheira de quarto com a mesma cultura seria um tanto quanto problemático, afinal, é alguém que você não conhece e não escolheu para dividir sua vida, mesmo que seja por apenas nove semanas. E a Kitty com certeza é melhor companhia do que muitas ocidentais que estão fazendo o curso! Só não entendo por quê ela não consegue entender o conceito de reciclagem e vivo tendo de tirar o lixo dela das latas do quarto para jogar no latão em frente à nossa tenda de yoga. Eu sei, são pequenas coisas, mas com a convivência elas adquirem mais importância!

Mais uma vez no fim desta semana a enfermeira do plantão disse que temos de nos alimentar melhor e repor os sais minerais (que eles chamam de electrolytes) perdidos durante as três horas (ou mais) diárias de suor intenso. Está duro comer direito durante a semana porque a tal "comida barata" que prometeram que o hotel nos ofereceria é extremamente cara! Uma pizza brotinho custa 15 dólares! Mais impostos! Tem um shopping center que fica a 15 minutos a pé do hotel, o que significa que só para ir e voltar você já perde meia hora preciosa que poderia usar para descansar ou praticar o diálogo. O resultado é muita gente comendo qualquer coisa, o que acaba não suprindo as necessidades do nosso corpo neste momento (diz a enfermeira que devemos tratar nosso corpo como o de um atleta agora, porque estamos fazendo imenso esforço físico, não apenas nas aulas, mas também nas inúmeras horas que ficamos sentados na cadeira ou no chão durante as palestras, as posture clinics e os filmes). A enfermeira disse inclusive que vegans deveriam tentar suspender as restrições durante o curso e retomá-las depois, porque todos precisam de muita proteína agora.

Sobre as noites curtas, muitas pessoas (especialmente parentes de alunos, como o caso da minha mãe e o namorado da mãe da minha colega inglesa, a Sophie) começaram a achar que estamos passando por uma lavagem cerebral. Tem um inglês do curso, o Fed, que inclusive entrou em uma paranóia de que estamos fazendo parte de um culto e que, aos poucos, estamos sendo "convertidos"...
Gente, é só yoga! É um treinamento puxado, como é uma aula de Bikram Yoga, e estamos sendo treinados para ser professores, para aguentar mais do que um aluno tem de suportar durante uma aula (o que não é pouco). Também acho que a restrição de sono não precisaria fazer parte disso tudo, mas estou aqui e se o curso exige isso é como o Bikram sempre diz: "No way out. My way or the highway." Ele é um cara cheio de energia, que só dorme cerca de duas horas por dia, e acha que as pessoas perdem grande parte da vida dormindo. Eu e acho que a maioria das pessoas deste planeta discordamos disso, mas quem dá o curso, que já formou 8 mil professores - dos quais a maioria ama o que faz - é o Bikram e se tem de ser assim, não tem outro jeito.

E lá vou eu para a terceira semana! Antes disso, um dia inteiro sem yoga para descansar todos os músculos, tendões e nervos e preparar o corpo para mais 11 aulas de yoga! Ah, e as próximas duas semanas serão sem o Bikram, portanto nos prometeram que seríamos liberados todas as noites no máximo à meia-noite!

Esta aqui (e lá em cima na primeira foto também)é Emmy Cleaves, a professora que tivemos a honra de ter durante a semana todinha conosco (parece que ela nunca passou tanto tempo em um curso, costuma ficar apenas três dias)! Não sei a idade exata dela, mas tem mais de 80 anos, e nasceu na Látvia, foi separada da mãe e veio parar refugiada nos Estados Unidos depois da guerra. A mulher não teve uma vida fácil, perdeu o único filho, separou-se do primeiro marido, casou novamente e pratica yoga há mais de 40 anos (começou a Bikram há 37). Pratica a série avançada, com cerca de 80 posições, três vezes por semana e dá aula nos outros dois dias. Aprendi muito, muito com ela e espero envelhecer assim, com muita saúde, energia e fazendo algo que me dá prazer!