quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Rumo a San Diego



Nos últimos seis meses, não foi fácil treinar para o curso. A diretora do estúdio que eu costumo frequentar exige aos candidatos ao curso de professores que pratiquem pelo menos quatro vezes por semana, todas as semanas, sem intervalo, e que nos últimos dois meses façam pelo menos duas aulas por dia três vezes por semana (cada aula tem 1h30 de duração). Ela tem de escrever uma carta de recomendação aos organizadores do treinamento, por isso tentei seguir suas recomendações à risca.
Quando ainda trabalhava, o tempo era curto, já que ainda tinha uma Mila (minha filha de 1 ano e meio) para cuidar em casa. Mas há dois meses parei de trabalhar (entrei no programa de demissão voluntária da empresa) e pude me dedicar mais à yoga. Mesmo assim foi cansativo, dolorido e uma prévia do que me aguarda a partir da próxima segunda-feira, quando passo a praticar duas vezes por dia de segunda a sexta e mais uma vez na manhã de sábado, durante as 9 semanas.

Cansativo também - e muito - foi chegar a San Diego ontem! Como o Julien está desempregado e sobraram uns parcos recursos após pagar o curso de yoga, resolvemos parar de pagar o aluguel quase milionário do nosso apartamento em Londres, colocar toda a nossa tralha (reunida com "muito esforço" durante seis anos na cidade e aumentada consideravelmente após o nascimento da Mila) em um depósito e ir todos passar três meses nos Estados Unidos!

Munidos de três malas (como a vida pode ser leve!), embarcamos às 11h em Heathrow, fizemos uma escala para lá de apertada em Los Angeles e saímos do outro lado, em San Diego, às 17h (lembrando que aqui estamos 8 horas atrás de Londres). A Mila mal dormiu no avião, quis andar o tempo todo (seu hobby predileto nas últimas semanas) e fazia escândalo toda vez que tentávamos mante-la no assento (ordem das "simpáticas" aeromoças da American Airlines - aliás, sempre que puder, evite voar de AA. O serviço é péssimo, a comida é ainda pior do que o padrão aéreo e você ainda por cima tem de pagar se quiser alguma bebida alcoólica), o que resultou em dois trapos e um trapinho desembarcando em San Diego.

Cansados, porém felizes! Fomos recebidos com sol e simpatia (coisas, aliás, que estão diretamente correlacionadas em qualquer lugar do mundo) e o apartamento que alugamos é bem legal. O Julien e a Mila ficam aqui, enquanto eu passo a semana no hotel onde ocorre o curso (já que o dia começa cedo e muitas vezes segue madrugada adentro) e volto para cá aos domingos para matar as saudades. Aliás, um dos meus desafios adicionais vai ser ficar longe desta pequena linda, já que nunca passei sequer um dia sem ela desde que ela nasceu. Às vezes, horas depois de termos colocado a Mila na cama, lembro das coisas fofas que ela fez durante o dia e já me bate uma vontade de tê-la acordada ao meu lado antes mesmo de amanhecer!


Hoje fomos passear um pouco para conhecer os arredores da casa e é impressionante como a cidade é contagiada pelo clima praiano. Não só o visual, mas as pessoas, todas relaxadas, com sorriso no rosto, distribuindo gentilezas, como parar o carro espontaneamente para deixar os pedestres atravessarem a rua (raridade até em uma cidade civilizada como Londres) e se derreter de elogios para um anjinho loiro que as cumprimenta com um sorriso (sim, esta é minha Mila! :-).

A alguns segundos de casa temos um Trader Joe's e um Henry's, dois mercados no estilo do Whole Foods, um mercado maravilhoso cheio de produtos orgânicos, coisas naturebas, verduras bonitas e comidas saudáveis de ótima qualidade. Me impressiona como na terra do supersize (leia o próximo parágrafo para mais detalhes) haja tanto mercado para estes produtos. A Grã-Bretanha, que considero um país mais saudável do que este, tem pouquíssimos mercados deste tipo. Tudo bem, você pode argumentar que estamos na Califórnia, uma ilha de bom-senso nos Estados Unidos, mas lembro destes mercados em outras cidades americanas por onde passei, como Phoenix, Miami e Boston.

E apesar de isto aqui ser uma ilha de bom senso, com pessoas preocupadas com a saúde e o meio-ambiente, é impressionante a quantidade de SUVs que existem aqui! Quanto carro imenso, meu Deus!!! Muitos deles com apenas uma pessoinha dentro! Mas a mania de grandeza parece fazer parte da cultura americana a ponto de cegar até aos menos alienados. No supermercado às vezes não se acha o produto que se quer em tamanho normal. Ketchup de litro, Red Bull de meio litro, garrafas de vodka gordíssimas, até saco de Gummibärchen da Haribo (umas "balinhas" em formato de ursinho alemãs que eram meu vício na infância) aqui é vendido em um tamanho inexistente na terra que os inventou!
Fico me perguntando como as pessoas que vivem sozinhas fazem compras. Os galões de suco e chá parecem ser feitos para famílias italianas com pelo menos dez filhos! Ah é, mas estamos nos Estados Unidos, onde a política do desperdício também fala mais alto. Não usou? Joga fora e compra outro...

Ainda estou tonta do jet lag (acordamos hoje às 4h da matina e agora, 21h35 em San Diego, são 5h da manhã em Londres; zooonaaaa!), então vou aproveitar estes dois últimos dias antes do curso para descansar, fazer uma aulinha de yoga e curtir o Julien e a Mila até o último fio de cabelo e provavelmente no início da semana que vem conto como foi o começo do treinamento!
Ah, e obrigada desde já pelos comentários e pelo apoio!

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