domingo, 24 de outubro de 2010

Baby, don't worry...

Não me lembro mais do nome da professora que deu a aula da sexta-feira de manhã. Mas não vou esquecer dela (da professora nem da aula). Estávamos todos bem cansados por causa da falta de sono, eu tinha acabado de passar por fortes emoções nos dias anteriores, de manhã já estamos naturalmente mais duros e frios, ou seja, ninguém estava muito a fim de "pegar pesado". A professora, que já passou por tudo isso por que estamos passando, sabia exatamente como estávamos nos sentindo e começou a aula dizendo (e preciso escrever isso em inlglês, para fazer sentido): "When I left my room, I saw three little birds that said 'don't worry, because every little thing is gonna be all right'", o que automaticamente já iluminou nossa cara com um sorriso. A aula dela foi altamente energética (a mulher, que deve estar nos seus 50 anos, é um poço de energia!), mas no fim da aula, a voz dela ficou mais fraca, com algumas pausas, e reparamos que ela estava colocando uma toalha na frente da boca toda hora. Ela estava passando mal.

"Desculpem. Às vezes é o professor que precisa da energia dos alunos para seguir em frente...", ela disse e todos respondemos batendo palmas e batendo as mãos no chão (estávamos fazendo a série do chão, deitados). "Obrigada!" e ela acabou encontrando forças de algum lugar para terminar a aula. Quando ela terminou, mais uma salva de palmas e, obviamente a música que tocou na sequência foi "Three Little Birds", do Bob Marley. Fiquei arrepiada da ponta dos meus cabelos às unhas do meu pé e, assim como todos na sala, fiquei cantando o refrão da música... "Baby don't worry, about a thing, cause every little thing is gonna be all right", sentindo que, realmente, tudo vai dar certo! Nem acreditei no timing da música! Era tudo, tudo que eu precisava ouvir naquela manhã de sexta-feira! E assim, um ótimo dia começou!

Preciso falar um pouco das noitadas inesquecíveis com o Bikram. Esta semana tivemos três (fora a opcional, na terça-feira, da qual eu não participei para me poupar para as demais) e, fora o tosco Mahabarata, "assistimos" a uma espécie de E.T. indiano, que aparentemente fez o maior sucesso lá na Índia. Tinha duas partes, cada uma com 3h30 de duração. Os filmes sempre começavam depois de uma palestra de 2h a 3h do Bikram, o que significa cerca de 6 horas naquelas cadeiras desconfortáveis (aliás, a mais confortável das cadeiras fica desconfortável após um período muito mais curto do que este!).

Como a lei da sobrevivência sempre fala mais alto, começamos a encontrar formas de minimizar o desconforto e o cansaço. Na primeira noite da semana, algumas pessoas trouxeram travesseiros do quarto e as pessoas da primeira fileira deitaram no chão para tentar dormir um pouco. Na segunda noite, o número de pessoas com travesseiros tinha aumentado consideravelmente e vários trouxeram também cobertores. As pessoas que não estavam na primeira fileira também começaram a se entender com os vizinhos, o que resultou em várias pessoas dormindo no chão entre as cadeiras e outras dormindo em cima das cadeiras. Na noite seguinte, a que estava no chão mudava para as cadeiras e vice-versa.

Bom, e dormir é modo de falar... Filmes indianos são cheios de músicas e o som na tenda era tão alto que não dava para dormir (no meu caso, pelo menos), mas deu para fechar nossos olhos um pouco e esticar nossas pernas e costas. Tenho de dizer que tudo ficou um pouco menos sofrido do que nas primeiras duas semanas. Acho que aceitamos a situação (alguns, porém, ainda estão bem revoltados com as noites em claro) e decidimos nos adaptar a ela. Até comprei uma manta baratinha de abóboras de Halloween para me esquentar na tenda (pequenas alegrias consumistas distintas que temos aqui, hehehe!)!

E quando olho de forma mais ampla para tudo isso e me dou conta das pessoas de 50, 60 anos que estão fazendo o curso comigo e passando pelas mesmas coisas, chego à conclusão que eu não tenho nem direito de reclamar. Esta semana o Dr. Das, um indiano que ensinou terapia de yoga para nós, chamou ao palco todas as pessoas com mais de 50 anos. A foto está aí abaixo. Um monte de gente!!! E a mais velha, a mulher logo ao lado do Dr. Das na segunda foto, tem 65 anos, é mais velha do que a minha mãe! E esta outra, do lado dela, que também tem mais de 60, tem mais energia do que 100 chinesas (pelo menos da espécie do meu quarto) juntas! Ela está sempre sorrindo, de bom humor e cheia de disposição durante as aulas de yoga, incrível! E já falei do casal sueco que está fazendo o curso junto? Uma graça, os dois também têm mais de 60 anos e a filha é professora de Bikram Yoga e vem para cá na semana que vem fazer o seminário da série avançada de Bikram. Ela que convenceu os dois a começar a praticar e eles gostaram tanto que estão aqui!

Mami e Paps, se preparem, porque se eu realmente abrir um estúdio em Sampa, vocês vão ter de pelo menos tentar! :-)


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