sábado, 23 de outubro de 2010

Explosão chinesa

Todos os sábados o estacionamento do hotel fica assim, após a galera lavar suas esteiras suadas.

Prometi que neste post ia contar o que aconteceu na quarta-feira, enquanto eu digitava o outro post. Bom, a chinesa estava tentando dormir (para variar) , às 16h, e eu fiz uma barreira de travesseiros e sentei do lado mais distante da cama para digitar sem atrapalhá-la demais. A menina ficou se remexendo na cama e de repente levantou e falou: "Não dá pra você sair do quarto para digitar, não? Eu preciso dormir!" Tentei explicar para ela que fora do quarto estava frio e que eu também tenho direito de fazer minhas coisas dentro do quarto - como digitar no meu computador no meio da tarde durante 15 minutos (detalhe é que eu só uso o computador e a Internet UMA vez por semana!). Mas a menina não entende o que é convivência com outras pessoas que não seguem as ordens dela e não houve acordo. Saí do quarto porque senti minhas lágrimas querendo escorrer (sempre nas piores horas..) e quando as minhas vizinhas australianas me viram chorando contei o que tinha acontecido. A chinesa deve ter ouvido algo e explodiu comigo quando voltei para o quarto. Tentei falar com ela calmamente, mas a pessoa só berrava. No fim disse: "Eu estava tentando ser legal com você, mas agora não vou ser mais!" E pensei comigo mesma: "Isso era ser legal???"

Depois disso, ela não olhou mais na minha cara e não trocou sequer uma palavra comigo. Foi horrível. O clima no quarto ficou tão pesado que eu não queria nem voltar para lá depois das aulas para não encontrar com ela.

Na quinta-feira de manhã, durante a aula, não consegui pensar em outra coisa. Ficava imaginando como seria ficar mais um mês no mesmo quarto de uma pessoa que te odeia e não te olha na cara. E comecei a chorar. E não consegui mais parar. Foi ridículo chorar durante a aula (ainda bem que eu estava na última fileira da sala), mas eu não conseguia parar! Depois da quinta posição fechei os olhos, respirei fundo e tentei me concentrar na aula, o que funcionou até a penúltima posição, quando me descontrolei de novo.

Respondendo à pergunta da Fabíola no último post, nesta hora pensei em largar a mala e me sacrificar um pouco indo e voltando três vezes por dia para o flat do Julien e da Mila (o que significaria um sacrifício para eles também, que ficariam sem carro, e eu perderia entre 30 e 40 minutos das minhas às vezes únicas três horas de sono por noite e várias outras inconveniências). E confesso que, acima de tudo, me senti um pouco derrotada com esta opção, porque eu realmente achava que tinha de resolver esta situação de forma mais pacífica, mas estava tão desesperada que não via como fazê-lo.

Então resolvi pedir ajuda à Nikki, a responsável por resolver problemas de quarto, e pedir para trocar de companheira de quarto (já que várias outras pessoas andaram reclamando de suas colegas). A Nikki disse que não dava mais para trocar, porque já tínhamos passado da metade do curso, mas se ofereceu para intermediar uma conversa entre nós duas para tentar resolver a situação. E acrescentou, com seu jeito doce e cheio de compaixão: "É melhor você não tentar fugir e sim lidar com este problema agora, porque senão ele pode voltar em outro momento da sua vida. Nós vamos resolver isso, fique tranquila." Ela estava certa.

E sabe o que aconteceu quando voltei para o quarto? A chinesa resolveu falar comigo! E à noite, saiu para comprar comida para ela e voltou com uma coisinha para mim (era um bolinho de arroz com frango, mas ela disse que eu não precisava comer o frango). E no dia seguinte se ofereceu para me levar com ela para o shopping para comprar comida (um dia eu tinha pedido para ir com ela e ela disse que não podia esperar eu terminar de tomar banho - tomo sempre depois dela - pois isso significaria menos minutos de sono)!

Falei para a Nikki que era melhor suspender a conversa porque a nossa situação tinha melhorado e ela abriu o maior sorriso, de alguém que estava genuinamente feliz com a notícia, e disse: "Que bom! Está vendo? Foi só você pedir por ajuda que o universo começou a funcionar a seu favor!"

Estou tão aliviada! Não sei o que aconteceu com a chinesa (aliás, ela comprou tapa-ouvidos e me pediu para voltar cedo no domingo para irmos dormir às 21h30), mas o clima entre nós está bem melhor! Será que foi mesmo o universo funcionando a meu favor? :-)

Acabei encerrando a semana de ótimo humor, com uma aula fantástica no sábado de manhã! E três horas de primeiros-socorros à tarde... :-)

E chega de escrever que preciso curtir o fim-de-semana reduzido com meus amores! E ainda estudar um pouco de diálogo!

Este é o grupo 15, meu grupo nas posture clinics, todos uns amados!

As meninas do meu grupo no curso de primeiros-socorros.

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